Quase sufoco

Hoje choveu o dia todo, bolhas de chuva nas poças do pátio, rajadas de vento fletem as árvores, massarcam as canas. Aspirei a casa, lavei a loiça, estendi a roupa, à chuva e ao vento, antes lá fora do que mais um dia dentro da máquina. Mais tarde adormecia com a Lucinda ouvindo as rajadas de vento, “espero que a roupa não voe”, pensava. Fiz o almoço, lavei a loiça, Chove lá fora e eu tenho a sensação que já não saio de casa há meses, quase sufoco, quase grito. Acendo um cigarro espreitando a chuva pela janelinha da casa de banho, o vento a dançar com as canas molhadas, ela acorda e chora, quase tenho vontade de chorar também, quase sufoco, mas reúno tudo cá dentro e tento respirar dos pequenos momentos, aqueles deliciosos, tento respirar as gotas de chuva na janela, tento respirar a vela acesa na mesa da cozinha. Respiro sem dúvida o seu sorriso. Respiro o teu carinho, e quase sufoco, quase sufoco da tua presença constante. Queria apenas sentar-me no silêncio beber o meu café da minha chavena amarela, sem que ninguém me chamsse, sem que ninguém me perguntasse o que estou a fazer. Apenas eu, só um bcadinho, só para mim.

 

Deixe um comentário